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03/05/2013 08h54

Especialistas ensinam a evitar o acúmulo de dívidas

Dinheiro, para quem tem disciplina, pode realizar sonhos. Entretanto, se for mal gerenciado, só traz dor de cabeça

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Dinheiro é problema ou solução? A resposta é: depende da relação que se tem com ele. Para quem tem disciplina e evita contrair dívidas, dinheiro pode significar a realização de um sonho. Por outro lado, se for mal gerenciado, só traz dor de cabeça.

Para ajudá-lo a administrar melhor a renda e garantir que ela seja suficiente para cobrir seus gastos mensais, o Portal Brasil ouviu quatro especialistas em finanças que deram dicas sobre como cuidar melhor de sua renda, evitar contrair longas dívidas e aproveitar melhor os benefícios que uma vida financeira estável pode proporcionar.

Trace objetivos
“Primeiramente a pessoa tem que definir o objetivo, o sonho que ela quer realizar com seu dinheiro, para não sair gastando em coisas que não agregam valor ou que não sejam importantes. Se ela definir que quer viajar no fim do ano, ela tem de guardar o dinheiro para evitar dívidas e juros”, ensina o educador financeiro Edward Cláudio Júnior.

Fuja das dívidas
“É fundamental ter em mente que é preciso gastar menos do que se ganha. Elaborar um orçamento e cumpri-lo. Haverá necessidade de ter disciplina, mas isso pode ser apenas uma questão de tempo. Em muitos casos, uma situação financeira desequilibrada decorre de maus hábitos, que precisam ser combatidos. Mudar a cultura de ‘gastador’ para a cultura de ‘economizador’ nem sempre é fácil. Mas, com educação financeira, essa mudança pode ser feita de forma consciente e menos dolorosa”, aconselha Carlos von Sohsten, educador financeiro e autor do livro “Como cuidar bem do seu dinheiro”.

Para onde vai o dinheiro?
“O princípio do controle financeiro é saber para onde o dinheiro vai. Tudo começa com você guardando notas fiscais e os comprovantes de pagamentos que você faz. Depois você precisa definir um dia da semana qualquer em que vai colocar tudo isso em uma planilha, seja ela eletrônica ou não. Essa é uma parte que não é fácil de fazer porque ela é um pouco mais trabalhosa, mas o resultado é positivo. Se não fizer isso, não é possível saber para onde o dinheiro vai. Uma pessoa que ganha por volta de R$ 5 mil e não faz este controle talvez não saiba para onde vai 20% de sua renda”, explica Jurandir Sell Macedo, professor de finanças pessoais da Universidade Federal de Santa Catarina.

Remando para um mesmo lugar
“Tente conversar com a família sobre os objetivos com relação ao dinheiro e como está o orçamento familiar. Para isso, é necessário um orçamento familiar doméstico, que pode ser numa planilha ou um caderno. Não é preciso muita sofisticação, mas tem de ser qualquer coisa que registre todas as entradas e saídas de dinheiro. Assim, a pessoa consegue enxergar se todo mundo está remando para o mesmo lado. Normalmente, as pessoas acreditam que melhorar um orçamento significa reduzir as despesas. Mas também é possível aumentar a receita. De repente, pode usar as habilidades da família. Por exemplo, um filho é músico e pode dar aulas, outro que cozinhe muito bem e consiga vender comida para outras pessoas”, sugere o consultor financeiro Valter Police Junior.

Regime do dinheiro
“As pessoas querem milagres. É o mesmo que regime. Ninguém consegue emagrecer se não gastar mais calorias do que ingere. A ideia é básica: ou eu gasto mais calorias fazendo exercício ou vou ingerir menos (calorias) comendo menos. O mesmo acontece com a independência financeira. Qual objetivo de você ter controle financeiro? A maior parte acha que é cortar gastos. Aí o erro é grande, o objetivo é gastar melhor. Para ter as finanças controladas devo cortar o supérfluo? Não obrigatoriamente. O que se deve cortar é o desperdício. Gastar melhor é fazer escolhas, pois cada pessoa tem diferentes gastos, que são melhores ou piores para ela. Olhe para onde você pode gastar melhor, onde isso pode melhorar a sua vida. Todos nós desperdiçamos: água é fundamental para a vida, mas uma torneira pingando é desperdício”, diz o educador financeiro Jurandir Sell Macedo.

Financiamentos e parcelas
“Outra dica importante é tomar cuidado extremo com financiamentos e compras parceladas. Isso não quer dizer de forma alguma para não fazê-los. Mas é preciso avaliar se vale a pena. Um carro financiado custa muitas vezes o valor de três carros, da mesma forma que um aparelho de som financiado custa dois. E sobre contas parceladas existe um risco grande. Normalmente não entra na nossa cabeça que aquilo comprometeu o salário dos meses seguintes e o cidadão esquece que, por isso, sua disponibilidade financeira será menor até quitar esta dívida”, explica Valter Police Júnior.

Conhecimento
“Infelizmente, não nos ensinam como cuidar do nosso dinheiro na escola, embora isso esteja mudando. Existem excelentes livros disponíveis. Eu mesmo comecei assim. Depois, foi só questão de botar em prática. Em dez anos, minha vida financeira havia revertido de uma situação de endividamento caótico para uma situação confortável e sustentável”, relata Carlos von Sohsten.

Supermercado com lista e sem fome
“Para compra de supermercado, a primeira coisa é providenciar uma lista de tudo aquilo que você precisa para não comprar algo que já tenha em casa. Não faça as compras com fome, porque você pode levar algo de que não precisa e os gastos acabam sendo maiores. Ao levar crianças às compras, procure combinar previamente com elas o que será possível comprar. A comparação de preço é interessante, mas não fique escravo da rotina de visitar quatro estabelecimentos diferentes, talvez o gasto com deslocamento não compense. O que aconselho é quebrar suas compras semanalmente, compras pequenas para ter aquilo que você necessita e que possibilita aproveitar promoções”, afirma o educador financeiro Edward Cláudio Júnior.

Consumir com prazer, sem vício
“O que a gente busca é gastar naquilo que melhore a nossa vida e não prejudique os outros e o meio ambiente. Consumir é algo muito bom. Se vivêssemos apenas com aquilo que é necessário, estaríamos em uma caverna ainda. Nossa sociedade se constrói em cima daquilo que é supérfluo. O que é errado é gastar para desperdiçar ou se viciar em consumo”, diz Jurandir Sell Macedo.

Cartão de Crédito e Cheque Especial
“Use o cartão de crédito como uma ferramenta de organização. Eu junto tudo para pagar em uma mesma data e tenho registro de tudo que gastei. Mas evite usar o cartão de crédito como fonte de financiamento. Usar o cartão e não pagar a fatura total costuma ser um erro. Se eu não pagar o total, não deveria usar o cartão de crédito, ele não serve para isso. Se você utiliza cheque especial por mais de uma semana por mês, procure o seu banco para tentar um empréstimo e quitar o cheque especial. Sai bem mais barato. Juros do cheque especial giram em torno de 10% por mês, enquanto o empréstimo é de 4 a 5%”, diz Valter Police Júnior.

Quanto investir
“O ideal é investir no mínimo 10% do que se ganha para o futuro. Parece impossível? Saiba, entretanto, que não é. Mas, se para você parece impossível hoje, é o sinal mais importante que você precisa mudar e aprender mais sobre como cuidar do seu dinheiro. Recomendo que 100% do que você ganha seja utilizado de forma econômica e inteligente”, diz Carlos von Sohsten.

Investimentos sortidos
“Para buscar a independência financeira é preciso saber investir. Qual o melhor investimento? Não há resposta, todos são bons. Tem um para cada perfil. Uma mesma pessoa tem que ter várias opções de investimentos, desde a poupança até mesmo  ações”, afirma Jurandir Sell Macedo.

*Fonte: Portal Brasil


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