Salesiano 26/08/24

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27/10/2015 10h21 - Atualizado em 27/10/2015 10h33

Cheque especial é usado por três em cada dez internautas que extraolam suas finanças

De acordo com a pesquisa, 62% dos entrevistados não conseguiram poupar e 38% deixaram de pagar alguma conta nos últimos seis meses.

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Uma pesquisa realizada em todas as capitais pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com internautas que vivem fora do padrão de vida e encerram o mês com as contas no vermelho ou no ‘zero a zero’, revela que 28% dos entrevistados admitem usar o cheque especial e o cartão de crédito como extensão da própria renda. De acordo com a pesquisa, 62% dos entrevistados não conseguiram poupar e 38% deixaram de pagar alguma conta nos últimos seis meses.

Os especialistas do SPC Brasil alertam que o cheque especial é um instrumento de crédito bastante prático, mas que deve ser usado apenas em casos emergenciais e de curto prazo, como cobrir o pagamento de uma despesa imprevista e inadiável. “Ao incorporar ao orçamento pessoal um dinheiro que, na verdade, não possui, o consumidor está se submetendo a um risco considerável de endividamento crônico. Com juros médios de 250% ao ano, é um erro grave do correntista recorrer ao limite do cheque especial como uma renda disponível para ser usada de forma indiscriminada”, alerta o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.

Quatro em cada dez entrevistados não controlam gastos

O estudo revela um diagnóstico preocupante ao mostrar que a falta de organização com os gastos é atitude frequente entre os entrevistados que vivem além do seu padrão de vida. Quatro em cada dez entrevistados (44%) não realizam um controle sistemático das despesas, seja porque ele é feito apenas ‘de cabeça’, ou seja, a partir de um método não confiável, ou porque simplesmente não anotam os gastos que assumem.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, avalia que não importa o meio de controle, pois o mais importante é que o consumidor tenha disciplina para organizar seu orçamento mensal. “Algumas pessoas têm facilidade com planilhas de computador ou aplicativos no celular, mas outras preferem simplesmente anotar no papel. O fundamental é sempre registrar tudo o que se ganha e se gasta e jamais confiar na memória porque ela falha”, orienta.

45% dos entrevistados são “gastadores otimistas”

De acordo com o levantamento, 18% dos entrevistados admitem desconhecer  ou saber pouco sobre o valor de suas contas básicas do mês seguintes e 28% mal sabem o valor de seus rendimentos mensais. Outro dado que inspira preocupação é que 24% dos internautas ouvidos afirmaram não saber exatamente quais produtos foram comprados recentemente no cartão de crédito e que deverão ser pagos no próximo mês.

Exemplo da falta de planejamento é que 76% dos consumidores ouvidos pela pesquisa não têm o hábito de separar mensalmente uma quantia para as atividades de lazer e bem-estar, e vão gastando conforme a necessidade e a oportunidade que encontram. “Sem organização, o consumidor fica mais suscetível aos gastos invisíveis, que são aqueles pequenos gastos que fazemos sem perceber. Quando somadas, essas pequenas quantias podem assustar no final do mês”, afirma Marcela Kawauti.

A pesquisa indica também que o excesso de otimismo (45%) leva a maior parte da amostra a gastar mais do que o orçamento suporta. Do total de entrevistados, 17% gastam mais do que podem porque acham que a sua situação financeira vai melhorar no futuro; 15% extrapolam nos gastos porque têm a esperança de que no final tudo dará certo e vão conseguir dar um jeito de pagar o que devem e 13% gastam mais do que podem porque acreditam que, mesmo não fazendo as contas, vão terminar o mês com alguma sobra de dinheiro.

“Tristezas não pagam dívidas, mas otimismo também não. Quem está devendo não deve se desesperar e tampouco subestimar os perigos da situação. Gastar tudo o que se ganha como se não houvesse o amanhã é um risco para a saúde financeira. Ser realista em relação as suas finanças é a melhor maneira para quem busca equilíbrio na vida financeira”, afirma Vignoli.

Perfil da dívida dos ‘descontrolados’

O estudo procurou também traçar o perfil da dívida dos consumidores que fecham o mês sem sobras de dinheiro ou no vermelho. Sete em cada dez (69%) consumidores que gastam mais do que podem estão com a renda comprometida para quitar alguma prestação pelos próximos meses. Em média, cada entrevistado com dívida tem cinco parcelas a pagar e o valor médio de cada prestação é de R$ 257,22, segundo recordação dos próprios entrevistados. Já o valor total médio das contas a pagar corresponde a R$ 1.197,87.

Como consequência dos gastos impensados, surge a inadimplência. Três em cada dez (29%) internautas que vivem além do seu padrão de vida disseram estar com o nome cadastrado em serviços de proteção ao crédito, sobretudo os entrevistados da classe C (34%). O tempo médio de inadimplência chega a 23 meses e mais da metade (52%) dos que estão com o nome sujo encontram-se nessa situação há mais de um ano.

No futuro, 43% dos entrevistados vão depender apenas do INSS

O brasileiro está vivendo mais e o rápido envelhecimento da população exige uma disciplina de poupança de todos os consumidores, mas ainda não é isso que acontece. A maior parte dos entrevistados (43%) confessa que caso não possa mais trabalhar daqui a dez anos, dependerá exclusivamente dos benefícios sociais do INSS. Outros 24% acreditam que contarão com a ajuda financeira da família ou do cônjuge na velhice e 13% admitem nem pensar no assunto. Dentre os entrevistados, 31% disseram que gostariam de se preparar para a aposentadoria, mas não sabem por onde começar o planejamento. Praticamente seis em cada dez (57%) pessoas que vivem foram do padrão de vida não fazem poupança ou possuem qualquer tipo de investimento.

Perguntados se em caso de dificuldades financeiras, como perda de emprego ou problemas de saúde, os consumidores entrevistados conseguiriam manter o seu padrão de vida, 64% disseram que não seriam capazes de se manter no mesmo patamar financeiro por no máximo três meses.

Para o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, “é preocupante constatar que boa parte dos entrevistados de fato, não está se preparando adequadamente para o futuro ou para imprevistos, mas é de se esperar que esse comportamento não seja comum entre consumidores que estão sempre devendo ou não terminam o mês com dinheiro para poupar”. Ele lembra que a manutenção do padrão de vida na terceira idade ou em casos de invalidez, depende, basicamente, de ações tomadas no presente, e o consumidor que não pensa em construir uma reserva financeira, arrisca-se a enfrentar graves problemas, uma vez que o valor da aposentadoria é menor e os gastos com remédios aumentam consideravelmente.

 

Fonte: CNDL/ SPC Brasil


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