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07/01/2016 15h31

SPC Brasil dá dicas para o consumidor se planejar financeiramente e sair do vermelho em 2016

Consumidor deve ter organização para não se atrapalhar com tributos de início de ano e parcelas que sobraram das compras de Natal

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2015 não foi um ano fácil para a economia brasileira. A inflação acelerou e voltou à casa dos dois dígitos, os juros atingiram a maior marca em nove anos e o desemprego nunca esteve tão alto desde 2009. Com a crise econômica deixando o bolso do consumidor mais vazio, muitos brasileiros não conseguiram pagar suas contas e passaram a integrar o cadastro de inadimplentes. Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quase 40% da população adulta está com o CPF restrito por causa de pagamentos atrasados. Para quem faz parte dessa estatística, o início de um novo ano é sempre um momento propício para colocar as contas no azul.

A palavra de ordem para 2016 é: planejamento, dizem os especialistas do SPC Brasil. Passada a época das festas de fim de ano, o consumidor se depara com uma série de obrigações tributárias, como IPTU, IPVA, matrículas escolares, entre outras despesas, que se não são bem administradas podem atrapalhar o controle do orçamento para o restante do ano.

IPTU e IPVA: pagar a vista ou parcelado?

Os especialistas do SPC Brasil explicam que a decisão de pagar o IPTU e IPVA a vista ou parcelado depende de uma avaliação criteriosa. Antes de tudo, o consumidor deve calcular se o desconto obtido no pagamento das contas a vista é maior do que o valor que esse dinheiro renderia caso estivesse em alguma aplicação financeira. No caso do IPTU, que tem como alternativa o pagamento em 10 meses na maioria dos municípios, o pagamento a vista será vantajoso se o desconto for superior a 2,64%, considerando uma aplicação que renda 0,6% ao mês, como é o caso da poupança. E no caso do IPVA, que tem como alternativa o pagamento em três meses, basta que o desconto supere os 0,6%.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, orienta que mesmo que  consumidor tenha condições de pagar a vista, ainda assim ele precisa fazer contas para descobrir se é mais vantajoso aplicar o dinheiro resgatando todos os meses o valor de cada parcela ou quitar a dívida recebendo o desconto oferecido. No caso dos consumidores que têm aplicações e pretendem usar esse dinheiro para pagar o IPTU ou IPVA, é preciso ficar atento as taxas e as penalidades cobradas pelo resgate antecipado do valor, pois eles podem anular o benefício do desconto.

Já quem não tem dinheiro guardado deve inevitavelmente pagar a prazo e iniciar um planejamento para quitar essas despesas em 2017 sem passar por sufoco.  A sugestão da economista do SPC Brasil é que para os próximos anos, o consumidor vá separando todo mês um determinado valor para quitar os compromissos sazonais. "O ideal é deixar a quantia separada de seus rendimentos mensais, assim o consumidor não cai na tentação de gastar o dinheiro com outras finalidades", garante a economista.

Ano Novo com as contas no azul

Para os consumidores que já estão inadimplentes, além de cortar gastos desnecessários e evitar compras impulsivas, o SPC Brasil recomenda que se faça uma negociação da dívida com o credor, contratando novas condições e formas de pagamento que melhor se encaixam no orçamento. Em determinados casos, o consumidor pode até mesmo vender um bem ou fazer algum 'bico' para cobrir a dívida.

Os especialistas do SPC Brasil alertam ainda que antes de se buscar algum tipo de financiamento para quitar débitos, é preciso fazer uma avaliação criteriosa dos juros cobrados na operação. "Se o consumidor estiver inadimplente no cartão de crédito ou no cheque especial, a substituição da divida é uma opção que compensa como último recurso, caso o inadimplente realmente não tenha dinheiro para quitar a pendência. Para isso, ele pode contrair um empréstimo pessoal ou consignado para quitar a dívida e assim, evitar que ela se transforme numa bola de neve", explica a economista. O portal de educação financeira do SPC Brasil, o 'Meu Bolso Feliz' criou um simulador virtual, que mostra na prática como funciona a 'troca de dívida".

Para ilustrar melhor a evolução de uma dívida renegociada no cartão de crédito, o SPC Brasil simulou uma pendência de R$ 2 mil com juros de 7,3% ao mês, taxa média cobrada no parcelamento de fatura, de acordo com o Banco Central. Para quitar essa dívida, o consumidor terá de eliminar novos gastos no cartão e ainda desembolsar mensalmente a quantia de R$ 256,41, ao longo de 12 meses. Ao final de um ano, a dívida estará quitada, mas o valor total desembolsado pelo consumidor será de R$3.076,90, o que equivale a mais de 150% do valor inicial do débito (R$ 2.000,00).

Por outro lado, caso o consumidor troque essa dívida no cartão de crédito por outra de valor idêntico na modalidade de um empréstimo consignado, o resultado será mais favorável, pois os juros do consignado são bem mais baixos (1,96% ao mês em vez de 7,3% ao mês cobrados no parcelamento do cartão). Ao final de 12 meses, o consumidor terá gasto R$ 2.264,53 em vez de R$ 3.076,90, caso tivesse optado pelo parcelamento no cartão, o que representa uma economia de R$ 812,37 ou 26%.

"A recomendação que fica é que o consumidor só deve usar o cartão de crédito se ele tiver certeza de que terá dinheiro para fazer o pagamento integral da fatura e estiver com seu orçamento em situação controlada. Renegociar a dívida é uma alternativa inteligente e necessária em muitos casos, mas não pode ser um vício. Dívida só se faz quando se tem consciência de que ela pode ser paga", diz Marcela Kawauti.

 

Fonte: SPC Brasil


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