Salesiano 26/08/24

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22/04/2013 08h54 - Atualizado em 22/04/2013 08h57

Consumo de eletricidade continua em alta, apesar de economia fraca

A demanda por energia elétrica no Brasil tem crescido mensalmente, sem interrupção, desde outubro de 2009

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O consumo de energia elétrica deverá continuar em forte expansão neste ano, na contramão do crescimento econômico, mas não há preocupação no governo de que essa alta possa colocar em risco o abastecimento, apesar do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas ao final do período de chuvas.O consumo de energia elétrica deverá continuar em forte expansão neste ano, na contramão do crescimento econômico, mas não há preocupação no governo de que essa alta possa colocar em risco o abastecimento, apesar do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas ao final do período de chuvas.

A demanda por energia elétrica no Brasil tem crescido mensalmente, sem interrupção, desde outubro de 2009, na comparação com o mesmo período de cada ano anterior, em tendência contrária a de outros setores da economia e muito acima do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2012, o consumo total de energia elétrica cresceu 3,5 por cento, enquanto o PIB brasileiro cresceu apenas 0,9 por cento.

"Temos visto realmente um crescimento importante do consumo de energia do setor residencial e comercial. Um aspecto que tem levado a isso é a redução da taxa de desemprego, aumento do emprego formal, aumento da renda e dos programas de transferência de renda", disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

Já a indústria sente mais os reflexos da crise internacional e da consequente redução das exportações, segundo Tolmasquim. A indústria manteve o consumo de energia estável em 2012 ante 2011, enquanto as residências elevaram a demanda em 5 por cento e o setor comercial aumentou o consumo em 7,9 por cento.
 
O diretor do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), Nivalde de Castro, disse que a relação entre PIB e consumo de energia não é muito precisa. "Os ramos que estão crescendo mais, como consumo residencial e serviços, têm mais impacto sobre o setor elétrico do que sobre o PIB", disse.
 
Em 2013, o consumo de energia elétrica da indústria mostra retração de 2,2 por cento até fevereiro, enquanto o residencial acumula alta de 9,7 por cento e o comercial, avanço de 8,5 por cento.
 
O diretor de Planejamento Energético da CPFL Energia, Fábio Zanfelice, lembra que o crescimento do crédito imobiliário também incentiva o aumento do consumo residencial, por conta das novas ligações elétricas. Segundo ele, o crescimento do consumo residencial do grupo CPFL, que tem forte atuação no Estado de São Paulo, foi 6,9 por cento em 2012, quase o dobro da taxa de expansão do consumo total em todo o país.
 
Para o diretor da UFRJ, a tendência é de que o consumo de energia continue crescendo, principalmente tendo em vista os projetos que o governo tenta alavancar na área de infrastrutura, com as concessões de rodovias, ferrovias e de portos.
 
Castro observa, porém, que existe uma variável incerta nessa conta, que é a situação das exportações de bens cuja fabricação é intensiva no consumo de energia, como o aço ou o alumínio.
 
"Se você não exporta aço, alumínio, o impacto é grande na demanda por energia elétrica. Essa é a variável que não conseguimos precisar com clareza, porque depende da demanda externa. Aqui dentro, o que for voltado para o mercado interno, como o setor de infraestrutura, vai puxar a demanda", disse Castro.
 
CRESCIMENTO VS ABASTECIMENTO
 
A expectativa da EPE para 2013 é de crescimento de 6,8 por cento no consumo de energia do segmento comercial e de 4,7 por cento do residencial, enquanto o consumo da indústria deve ter um crescimento de 3,2 por cento.
 
No total, a EPE estima crescimento de 4,3 por cento no consumo de energia elétrica este ano, enquanto a expectativa é de expansão do PIB de 3 por cento, de acordo com o mais recente relatório Focus do Banco Central.
 
Mesmo com os principais reservatórios das hidrelétricas em um dos níveis mais baixos de armazenamento na última década, ao final do período úmido, a EPE descarta problemas de abastecimento.
 
"Existe um excedente de energia estrutural e, além disso, a gente tem uma diversificação da matriz com participação de termelétricas que nos permitem tratar questões conjunturais e eventuais de hidreletricidade ruim", disse Tolmasquim, ao ser questionado sobre segurança do abastecimento.
 
O executivo garantiu que as termelétricas em operação têm gás para gerar energia, mas a expansão da geração térmica atual depende da importação de gás natural liquefeito (GNL), que está caro.
 
"A gente está aguardando para ver se tem descobertas em terra com as novas rodadas que vão focar o gás não-convencional (de xisto)... A gente vai abrir leilões esse ano para o carvão justamente pela dificuldade em encontrar gás a preços competitivos", disse.
 
CARVÃO E VENTO
 
Novos projetos de geração de energia a carvão poderão participar do leilão A-5, com contratação de energia a ser entregue a partir de 2018, em um produto específico no qual competirão com térmicas a gás e biomassa, acrescentou o presidente da EPE. O A-5 ainda contará com a fonte hidrelétrica.
 
A EPE também planeja um leilão de energia de reserva para eólicas e leilão de energia nova A-3, cuja energia deve começar a ser entregue em 2016.
 
Os leilões de energia nova ocorrem anualmente para expandir a capacidade de geração de energia elétrica do país, por meio da viabilização de novos empreendimentos de geração que vendem a energia no leilão.
 
"Temos que ter um equilíbrio da matriz. O que acontece é que quanto menos reservatórios (de hidrelétricas) são construídos, os existentes vão ficando relativamente pequenos em relação ao crescimento da carga, do consumo (de eletricidade) geral... Então temos que aumentar ligeiramente a proporção de térmicas", disse Tolmasquim, ao acrescentar que a matriz elétrica brasileira continuará a ser majoritariamente renovável, mas contando com mais fontes de energia "controláveis".
 
As novas hidrelétricas que estão sendo viabilizadas atualmente não contam com reservatório de acumulação de água e o sistema elétrico vem perdendo a capacidade de armazenar energia para momentos de escassez de chuvas. As eólicas, outra fonte que tem se destacado nos leilões de energia nova, também não conseguem acumular energia e só geram quando há vento.

*Fonte: InfoMoney

 


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