Carnatal movimenta economia natalense

Micareta mobiliza comerciantes e mexe com o movimento dos salões de beleza e lojas de costura.

Por: Felipe Gibson

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No ano em que completa duas décadas de existência, o Carnatal mostra mais uma vez sua capacidade em movimentar a economia da cidade. Consolidada no calendário de eventos do potiguar, a micareta que começa nesta quinta-feira (2) e vai até domingo (5), mexe diretamente com diversos setores. No entorno do Machadão, ambulantes, taxistas e catadores de lixo garantem uma renda extra para o fim do ano. Mas longe da folia os exemplos continuam nos salões de beleza e lojas de costura, sem contar com os que tiram um bom dinheiro revendendo abadás.

Em diversos pontos nos arredores do Machadão, comerciantes finalizam os últimos preparativos para iniciar as vendas. Alguns marinheiros de primeira viagem aguardam uma boa surpresa no fim do evento, enquanto os mais experientes esperam um ano mais produtivo que 2009. "Aquela gripe acabou com todo mundo", brinca a comerciante Fátima Medeiros, que relacionou às baixas vendas do ano passado à ocorrência de casos da chamada "gripe suína" na época do evento.

Com a experiência de quem trabalha há 19 anos no Carnatal, a comerciante comenta que além da presença do público, a produtividade depende da presença ou não dos ambulantes. "Quando tem muito ambulante, eles fazem preços mais baixos que nas barracas e acabam tirando o nosso", explica. Ao contrário de Fátima, há quem esteja pela primeira vez trabalhando no Carnatal, como o ambulante Justino Pedro da Costa.

Sem conhecer muito como funcionava a venda no entorno do Machadão, ele e a mulher Fabiana da Silva vieram apenas com um isopor para trabalhar e acabaram encontrando dificuldade para fixar um lugar de venda. "Não conhecíamos. Eu tenho estrutura em casa, com cadeiras e mesas, mas vamos ter que ficar andando. Ano que vem pensamos com mais antecedência para organizar melhor", diz o ambulante.

Além dos comerciantes locais, o Carnatal se carateriza por atrair também gente de fora da cidade. É o caso da baiana Ana Angêlica, que veio de Feira de Santana, na Bahia, para vender seu acarajé em terras potiguares. O acarajé da "Tia Ana" vende na micareta há 17 anos. Das vendas, Ana Angêlica conta que o lucro sai muito em conta do preço de R$ 5, mais salgado que os R$ 3 cobrados em Feira de Santana.

Se tem uma dica que costumam dar durante o Carnatal é: deixe seu carro em casa. O conselho é a alma do negócio para os taxistas não só de Natal, como da região metropolitana, que tiram boas e muitas corridas durante os quatro dias de evento. Gilberto Rodrigues, por exemplo, faturou R$ 2.000 de quinta a domingo, mais do triplo que ele fatura (R$600) em quatro dias sem Carnatal. "É dinheiro certo no bolso. Os taxistas de São Gonçalo e Parnamirim invadem também", relata Rodrigues.

Costura e salão de beleza

Longe do núcleo da folia, lojas de costura, salões de beleza e profissionais autônomos têm trabalho redobrado com a chegada do Carnatal. A presidente do Sindicato das Costureiras (Sindconfecções), Maria dos Navegantes dos Santos, comenta que muitos profissionais autônomos conseguem bons serviços durante a micareta para "reformar" abadás. Os valores, segundo ela, variam de R$ 10 a R$20 dependendo da costura pedida.

As lojas de costura também aproveitam o período para conseguir clientes. Na Oficina da Roupa a reforma de abada custa a partir de R$10. A própria loja oferece modelos que podem ser escolhidos pelo cliente, no entanto as pessoas também têm a opção de chegar com pedidos próprios para a costura. O público feminino é quem mais procura o serviço.

No Tiana Salão de Beleza, o dia foi movimentado algumas horas antes do primeiro dia do Carnatal. A proprietária Tiana Bezerra conta que costuma trazer mais duas pessoas para trabalhar durante o período. "Temos seis, mas precisamos de oito. A procura aumenta", relata. De acordo com ela manicure, escova e maquiagem são os principais pedidos dos clientes. A proprietária calcula um incremento de 60% a 70% no lucro.