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11/06/2015 10h50

Atuação dos bancos centrais foi reavaliada por causa da crise econômica mundial

No caso da política monetária, a maioria dos países tinha como regime operacional o sistema de metas da inflação.

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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta quarta-feira (10) que a crise econômica mundial provocou uma reavaliação do trabalho dos bancos centrais pelo mundo. Antes da crise, disse ele, a visão era de que as bases de atuação estavam estabelecidas, embora algumas questões ainda não estivessem respondidas. No caso da política monetária, a maioria dos países tinha como regime operacional o sistema de metas da inflação.

Tombini acrescentou que objetivos de estabilidade monetária e financeira, taxas de câmbio flutuantes, reservas internacionais robustas e acesso a mecanismos de financiamento multilateral muitas vezes eram avaliados como suficientes para proteger a estabilidade financeira da extrema volatilidade dos fluxos de capitais internacionais.

Para o presidente do BC, esses fundamentos da economia entraram em uma reavaliação com a crise econômica mundial, apesar da estabilidade macroeconômica ainda ser condição necessária para que o sistema opere adequadamente. “A crise levou ao reexame de alguns pontos que imaginávamos bem fundamentados e ao surgimento de novas questões. Embora o Brasil não estivesse no epicentro da crise financeira global, fomos afetados por ela e pelas políticas colocadas em prática como resposta aos seus desdobramentos", explicou, acrescentando que a manutenção da estabilidade financeira ficou definida como função essencial dos bancos centrais.

De acordo com ele, o regime de metas para a inflação emergiu ainda mais forte depois da crise, e nenhum dos principais bancos centrais abandonou esse regime, sendo que os que não o seguiam passaram a fazê-lo. “Os bancos centrais descobriram que o regime de metas é realmente útil para passar mensagens claras sobre a necessidade e as condições para a adoção de medidas não convencionais. Além disso, as metas para a inflação contribuíram para a ancoragem das expectativas de inflação, mantendo afastado o risco de deflação", explicou.

O presidente do BC concordou com a avaliação que ganha força no mundo, conforme analisou, de “utilizar a política macroprudencial para manter a estabilidade financeira e permitir que a política monetária se concentre na estabilidade de preços”. Ele indicou, ainda, que taxas de juros negativas, se mantidas por longo período, podem causar distorções no mercado financeiro.

Tombini foi seguido pelo ex-presidente do Banco Central de Israel, Jacob Frenkel. Ele salientou que “o crescimento que nós tínhamos antes da crise – e essa é uma das razões pelas quais tivemos a crise – não era sustentável. Nós devemos redefinir o que é crescimento sustentável, em que a economia possa se apoiar e, provavelmente, significa uma taxa de crescimento menor, mas claramente deve ser uma taxa de juros positiva. Uma taxa zero é uma situação em que estamos produzindo cada vez mais distorções”, analisou.

Eles participaram do encontro Bancos Centrais: os Próximos 50 Anos, na sub-sede do BC no Rio, promovido pela autoridade monetária brasileira. Também estiveram no debate, os ex-presidentes do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet, e do Banco Central da Alemanha, Axel Weber.

Para Trichet, a normalização da economia mundial chegará após o setor público fazer o necessário, e não apenas os bancos centrais. Ele deu como exemplo os Estados Unidos, onde já existem sinais de que a situação está melhorando, acredita. “Progressivamente, será normal o crescimento e a retirada das medidas extraordinárias que foram tomadas [pelos Estados Unidos para combater a crise]”, apontou.

Na avaliação de Axel Weber, a estabilidade financeira e monetária de longo prazo só pode ser feita com uma estrutura mais ampla do que a meta inflacionária. “É um ótimo dispositivo de comunicação para dizer como a política monetária funciona, mas ao se conduzir a política monetária, no futuro, precisaremos nos concentrar em um conceito mais amplo”, disse.

 

Fonte: Agência Brasil


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