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16/07/2015 08h46

Organismos internacionais apontam boas perspectivas agrícolas para o Brasil

Foi destacada também a responsabilidade que o Brasil tem por ser abastecedor de alimentos do mundo

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O relatório Perspectivas Agrícolas: Desafios para a Agricultura Brasileira 2015-2024, divulgado nesta quarta-feira (15) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta boas expectativas para a produção agrícola do Brasil, embora a tendência de crescimento deva ser menor que nos anos recentes. Além de representantes da FAO e da OCDE, participaram do lançamento o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e o secretário nacional de Desenvolvimento Agropecuário, Caio Rocha, representando a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu.

O relatório é parte de documento lançado anualmente sobre as perspectivas agrícolas no mundo. Este ano, com um capítulo inteiramente dedicado ao Brasil, que estima os desafios a serem enfrentados pelo setor na próxima década. Inicialmente foi exibido um vídeo no qual o diretor-geral da FAO, José Graziano, ressalta a importância do estudo, tanto para o fortalecimento do papel do Brasil como um dos principais produtores do mundo quanto para o trabalho de erradicação da fome e da miséria.

O ministro Patrus Ananias salientou, na ocasião, a importância de se valorizar a agroecologia e a produção de alimentos saudáveis, que colaborem com a saúde das pessoas. Ele relembrou que no ano passado a FAO retirou o país do mapa da fome, reconhecendo esforços e conquistas do Brasil na luta pelo combate à desnutrição e subalimentação. Ressaltou, ainda, a importância do aumento de 20% dos recursos no Plano Safra 2015/2016 da agricultura familiar, em relação à safra passada. Enquanto isso, Caio Rocha destacou a responsabilidade que o Brasil tem por ser um grande abastecedor de alimentos do mundo.

O representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, e os pesquisadores responsáveis pelo relatório Holger Matthey, da FAO, e Jonathan Brooks, da OCDE, fizeram exposições, apresentando os pontos principais do relatório. De acordo com o documento, em 2013, as exportações da agricultura e das indústrias agroalimentares brasileiras foram responsáveis por 36% do total das exportações, fortalecendo o papel do setor como arrecadador de moeda estrangeira. O Brasil é, hoje, o segundo maior exportador agrícola mundial e o maior fornecedor de açúcar, suco de laranja e café.

Jonathan Brooks, da OCDE, disse que em 2012 o setor agrícola empregava cerca de 13% da população brasileira. E, apesar de o Brasil estar relativamente urbanizado, com apenas 15% da população vivendo em áreas rurais, a incidência de pobreza nesses locais, onde a agricultura é a principal atividade, é mais do que o dobro da pobreza ns áreas urbanas. No entanto, o relatório aponta que um dos destaques da economia brasileira tem sido a redução da pobreza e da fome no país como um todo. O modelo adotado no país, ao melhorar o acesso aos alimentos e aumentar a produtividade, ajudou na inclusão de populações vulneráveis, acrescentou.

Segundo Holger Matthey, da FAO, as perspectivas da agricultura brasileira permanecem positivas, apesar da tendência de crescimento mais lento, tanto nacional quanto internacionalmente, e do declínio dos preços reais para a maioria das mercadorias agrícolas no cenário mundial. Os produtores, no entanto, esperam se beneficiar do aumento da produtividade e da desvalorização do real. As projeções atuais indicam que não haverá mudanças significativas nos ambientes políticos e agrícolas nos próximos anos.

Em relação à soja, o produto agrícola mais importante do Brasil na cesta de exportações, o relatório FAO/OCDE ressalva que devemos continuar sendo o segundo maior produtor do grão, atrás apenas dos Estados Unidos, e acredita que a soja deve continuar sendo o produto de exportação mais lucrativo, com mais da metade da produção interna destinada aos mercados mundiais. De acordo com o documento, as exportações brasileiras de soja deverão superar R$ 87 bilhões em 2024, sendo a China nosso maior cliente.

Por sinal, as exportações brasileiras para a China cresceram desde o ano 2000, especialmente nos últimos cinco anos. Oleaginosas, óleo vegetal, algodão, açúcar e aves são os principais produtos. Em 2014, cerca de 71% das exportações de oleaginosas – 35% da produção total do Brasil – foram para o país asiático.

Como as exportações agrícolas do Brasil são afetadas pelo desempenho econômico da China, o documento apresenta dois cenários para 2024. Caso o país tenha maior crescimento econômico, suas importações aumentarão os preços mundiais, o que fará com que a produção nacional e os preços aumentem, com redução do consumo interno. Este quadro seria positivo para o Brasil. No entanto, se o crescimento chinês for abaixo dessa projeção, não apenas as exportações de oleaginosas para a China diminuirão, como também as exportações brasileiras para outros países.

 

 Fonte: Agência Brasil


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