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23/01/2012 11h51 - Atualizado em 23/01/2012 12h17

Empresa de mineração aposta em nova tecnologia

Moinho de tecnologia alemã e espanhola é o diferencial da Casa Grande Mineração, localizada em Parelhas.

Por: Annapaula Freire

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Um moderno sistema de moagem promete transformar a Casa Grande Mineração (CGM) na principal fornecedora de feldspato em território nacional. A empresa de origem piauiense transferiu sua matriz para o município de Parelhas, na região do Seridó, para melhor explorar os minérios da localidade. Inaugurada nessa sexta-feira (20), a fábrica fixada em Parelhas terá como mercado consumidor as regiões brasileiras Sul, Sudeste e Nordeste; além do foco na América do Sul. Ao todo, 100 clientes receberão o feldspato e outros minérios extraídos pela CGM.

A CGM é fruto de uma parceria entre a Armil Mineração, a Mil Minérios e a Mineração São João. Segundo o diretor-presidente da CGM, João Leal, a expectativa é que a produção do primeiro ano seja de 120 mil toneladas e o objetivo é que cresça 10% ao ano, em cinco anos. A rápida expansão será apoiada no bom momento que o mercado de mineração vive. Entre os principais mercados consumidores da fábrica, estão os setores da cerâmica e do suplemento animal. “O crescimento da construção civil estimulou o crescimento da mineração”, explica.

Foram investidos R$15 milhões na empresa, 10 vezes a mais do que o previsto, e serão gerados 110 empregos diretos e mais de 300 indiretos. A CGM também é parceira de cooperativas de pequenos mineradores: seis cooperativas do RN (Currais Novos e Lajes Pintadas) e da PB trabalham com a empresa.

Beneficiamento valoriza o produto

Para o diretor-presidente, o maior trunfo da CGM é fornecer um produto beneficiado aos consumidores. “A CGM é uma empresa ímpar. Realizamos pesquisa, exploração, beneficiamento e o transporte do minério”, salienta. Questionado sobre o diferencial da oferta de todos esses serviços, João defende a economia das empresas consumidoras com a compra de um produto já pronto. Apesar das diversas possibilidades da empresa, o foco da CGM será a extração do feldspato – encontrado em grande quantidade na região seridoense.

De tecnologia alemã e espanhola, um moinho de 8m de altura e 3m de diâmetro é considerado motor para que a fábrica se destaque no mercado nacional. “É o que temos de mais moderno de moagem. Esse equipamento traz maior eficiência e qualidade ao produto moído”, garantiu o gerente da CGM, Ubiratan Ribeiro.

Comandado por um controle digital, o moinho funciona através de um processo intitulado de granulometria, onde o corpo moedor são esferas de alto alumínio, que garantem maior pureza ao produto final. O processo, totalmente automatizado, tem maior custo-benefício, reduz o consumo de energia e evita o desperdício de material.

 A capacidade de 10 toneladas por hora do moinho, dependendo do material processado, será testada pelos minérios extraídos num raio de 100 km da fábrica. Segundo Ubiratan, a empresa explora 130 jazidas, entre todas as filiais da CGM. Somente na PB e no RN, as jazidas exploradas são mais de 80.

Após serem explorados nas jazidas, os minérios chegam à fábrica para um processo criterioso de controle de qualidade, que é seguido pelo beneficiamento do minério. No controle de qualidade, o material é pesado e separado em pilhas, segundo o tipo de minério. De acordo com a cartela de pedido, o produto será moído (transformado em pó) ou britado (dividido em pequenos pedaços) – dois tipos de beneficiamento. Para o transporte do minério, a CGM conta com a frota de 25 veículos. 

Incentivo estadual

Incentivos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (Proadi) foram essenciais para que a CGM se instalasse na região do Seridó. Segundo Fábio Rodamilans, coordenador de Desenvolvimento Mineral da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), o incentivo é concedido a partir do momento em que a empresa começa a operar.

A retomada do setor de mineração no estado, para Fábio, foi propiciada, entre outros fatores, pelo cenário mundial, ou seja, a crise econômica que abala as grandes economias internacionais. A China fechou as exportações da scheelita o que aqueceu as extrações do minério no RN, é um exemplo. O ouro como suporte para as dificuldades financeiras também foi fator para a retomada.

Em números, o grupo australiano Crusader, com base em Currais Novos, produzirá de três a cinco toneladas de ouro por ano. O Brasil produz 56 a 58 toneladas por ano, o que significa que o RN ocupará 7 a 8% do mercado nacional. Já com o minério de ferro foram exportadas 70 toneladas do produto em 2011, pelo Porto de Natal. Um protocolo de intenções foi assinado, esse mês, com a empresa Limestone Mármores do Brasil para a fixação de uma indústria de beneficiamento da rocha calcária (limestone), no município de Apodi.

Fábio atribui a retomada do setor à aproximação do Governo e empresários, além dos projetos desenvolvidos para a instalação de novas fábricas no território potiguar.  “A mineração não é um processo simples. De 2011 para cá, algumas dessas indústrias que assinaram protocolo de intenções começaram a efetivar a extração”, relata

De acordo com a governadora Rosalba Ciarlini, o governo conseguiu atrair 18 empresas do setor para o estado, em 2011. “Temos que estimular o potencial mineral do RN para gerar novos empregos e investimentos”, disse.

Cerâmica e suplemento animal


Fornecedora de suplemento animal para todo o Brasil e outros 17 países, a empresa de suplemento animal Tortuga utilizará como um dos ingredientes um produto fornecido pela CGM: o filito. Segundo o gerente da fábrica do grupo em Pecém, Ubirajara Dutra, ao filito ocupa 18% da composição do suplemento animal. “Somos a maior empresa do Brasil no segmento da agropecuária”, relata. Todo o filito utilizado na fábrica de Pecém será produzido na CGM. A fábrica da Tortuga produz 15 mil toneladas por mês de suplemento animal.

Especializada na fabricação de louça sanitária, a Luzarte Estrela de Caruaru-PE é outra consumidora da CGM. Devido a proximidade da nova matriz da CGM, a Luzarte irá aumentar sua produção em 50%, a partir de março. A louça sanitária produzida em Caruaru é comercializada em todo o Brasil e em outros sete países.


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