Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira 'Meu Bolso Feliz' nas 27 capitais descobriu que grande parte dos brasileiros reconhece a importância de manter as contas em dia. Dentre os consumidores entrevistados, 82% consideram que ter o 'nome limpo' é um dos bens mais preciosos que uma pessoa pode ter. Apenas 6% disseram não se importar em ter o CPF negativado.
No entanto, apesar da aparente preocupação da maior parte da população, uma outra parcela significativa dos brasileiros admite assumir atitudes arriscadas. Seis em cada dez entrevistados (64%) reconhecem que já pagaram, pelo menos uma vez em suas vidas, alguma conta atrasada, ao passo que 17% nunca o fizerem. Já o hábito de fazer um planejamento financeiro não é prática corriqueira para pelo menos 40% dos entrevistados.
Outro dado que acende o sinal de alerta é que 14% da amostra confessou ter o costume de deixar de pagar algum compromisso financeiro para utilizar o dinheiro na aquisição de um produto que desejam ter, mesmo que sem necessidade.
Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, para que o consumidor deixe de ser inadimplente, é preciso, antes de qualquer coisa, que entenda que o ciclo de endividamento se constitui de causas como analfabetismo financeiro, consumismo, marketing publicitário e crédito fácil; de meios – cheque especial, cartão de crédito, crediário, crédito consignado, empréstimos, adiantamentos e antecipação do IR -; e de efeitos – problemas conjugais, problemas de saúde, desmotivação, baixa autoestima, produtividade reduzida, atrasos e faltas no trabalho.
Os economistas do SPC Brasil reforçam que estar com o CPF negativado acarreta uma série de dificuldades na vida particular e profissional dos consumidores, como estar impedido de realizar compras parceladas ou abrir contas em banco, enfrentar barreiras na hora de financiar um carro ou a casa própria e até mesmo conseguir uma recolocação no mercado de trabalho.
Dez dicas para manter o 'nome limpo'
Confira 10 dicas que os especialistas do 'Meu Bolso Feliz' dão para o consumidor manter o 'nome limpo' e continuar consumindo da maneira saudável
1. Seja organizado. Faça uma planilha e anote todos os gastos mensais fixos, como água, luz, telefone, aluguel, condomínio, alimentação, escola, entre outros. Não se esqueça de incluir os gastos extras e supérfluos;
2. Dê previsibilidade aos seus gastos. Faça o cálculo do quanto você ganha, subtraindo as contas que são essenciais. Desse modo, você já começa a ter uma noção do quanto tem de dinheiro para gastar com as coisas que gosta e poupar pensando no futuro;
3. Seja prudente. Reflita se os seus gastos são de fato necessários e avalie o que pode ser adiado ou até mesmo cortado da lista de compras;
4. Nunca empreste seu CPF para terceiros realizarem compras e não permita que outra pessoa, mesmo que seja parente próximo ou amigo, use seu cartão de crédito.
5. Tenha um bom controle das datas que vencem seus compromissos financeiros. Ao utilizar cheques, por exemplo, verifique se sua conta tem fundos suficientes para cobrir o valor da folha. O mesmo cuidado serve para os cheques pré-datados na data marcada para o depósito;
6. Faça um uso inteligente do cartão de crédito. Nunca exceda o seu limite, pois isso gera a cobrança de taxas extras. O cartão de crédito pode ser útil para momentos de emergência;
7. Pague sempre suas contas em dia, isso evita a cobrança de juros. Poucos dias de atraso podem representar multas aparentemente pequenas, mas se você juntar várias contas, o valor desembolsado pode assustar;
8. Não tenha medo de pedir uma renegociação. É possível conseguir bons resultados como reduzir o tamanho das prestações, obter juros menores e prazos mais alongados. Se a intenção do consumidor for pagar a dívida atrasadas a vista, é possível até pedir um desconto no valor total. Além disso, é necessário que o consumidor mantenha a disciplina e não assuma novas dívidas enquanto estiver pagando as prestações atrasadas;
9. Evite surpresas desagradáveis. Caso mude de residência, informe imediatamente o seu novo endereço aos seus credores. Dessa maneira, você evita a perda de faturas e recebimentos com atraso, sendo obrigado a pagar juros e multas desnecessárias que encarecem ainda mais a dívida;
10. Resista às tentações das propagandas e não insista em manter um estilo de vida que não combina com a sua renda. Cuidado com o poder que fatores psicológicos exercem sobre você. Por uma questão de expressão social, algumas pessoas compram descontroladamente apenas para impressionar a família, os amigos e até mesmo para compensar frustrações. Sem planejamento, essas pessoas adquirem produtos supérfluos e acabam se endividando excessivamente.
Caminho para reverter a situação
A solução, segundo Domingos, é fazer um levantamento detalhado de todas as dívidas, separando os itens em “essenciais” e “não essenciais”, priorizando o pagamento das essenciais para evitar o corte de serviços indispensáveis. Deve-se também priorizar as dívidas que têm as taxas de juros mais altas. Provavelmente, serão as dos empréstimos adquiridos junto ao sistema financeiro. Se assim for, o melhor é procurar o gerente e pedir que junte num mesmo pacote as dívidas de cheque especial, cartão de crédito e demais empréstimos e negociar uma linha de crédito diferente, mais alongada, com juros médios que não ultrapassem 2,5%, cuja prestação seja menor do que o valor total dos juros que a pessoa pagava mensalmente.
A partir desse acordo com o banco, o devedor estará pagando não mais apenas os juros, e sim o valor principal, fazendo com que a dívida seja efetivamente liquidada ao longo do tempo. Se não houver possibilidade de acordo com a instituição financeira ou se a parcela negociada não couber no orçamento, será melhor poupar para, quando for procurado pelas empresas de recuperação de crédito contratadas pelos bancos, tenha melhores condições de negociar a quitação em valores menores.
Um último alerta é que os consumidores evitem, a qualquer custo, promessas milagrosas e com juros muito baixos de instituições ou pessoas que não são conhecidas. Um grande problema que observo é o constante crescimento de golpes, que se aproveitam das pessoas em desespero para tirar proveito e deixá-las ainda mais com problemas financeiros.
*Fonte: Site Consumidor Moderno