BM&FBOVESPA quer mais investidores nacionais
23/05/2011 17h51O Brasil passa por um novo cenário macroeconômico. Novo governo, novas tendências, novos acontecimentos, novas lideranças e novos conflitos mundiais. Todos esses fatores influenciam diretamente em sua economia. Diretamente ligada à nossa economia, a bolsa de valores nacional está pleiteando novos investidores, para não sofrer tanto impacto de notícias relacionadas ao mercado estrangeiro.
Atualmente a BM&FBOVESPA, como é chamada a nossa bolsa de valores, apesar de ter mais de 120 anos de idade, só conseguiu atrair pouco mais de 600 mil investidores. O que frente à uma população de 190 milhões representa um percentual ínfimo de 0,3%. Vale salientar que em países desenvolvidos, como os EUA, esse percentual é de mais de 50%. Mostra o quanto o país está aquém do ótimo, está pequeno nesse sentido. A atual presidência da bolsa, liderada pelo economista Edemir Pinto, enxerga isso como um altíssimo potencial de crescimento e quer que isso mude nos próximos 3 ou 4 anos. Nos dias de hoje, esses 600 mil investidores têm em média o perfil de homens, casados, com um rendimento mensal médio de R$ 6 mil. A proposta de Edemir Pinto é de se atingir até 2014 um público superior a 5 milhões de investidores e transforme esse perfil em homens e mulheres, casados e solteiros, com rendimento mensal médio de R$ 2,5 Mil. Objetivo esse que apesar de parecer absurdo é plenamente factível, porém necessita-se de muito trabalho pela frente.
O nosso país sofreu por décadas com altíssimos índices de inflação, com histórico de corrupção política, entre outros. Por isso, pessoas mais idosas transmitiram aos seus filhos a idéia de que investimento em renda variável é uma coisa muito arriscada e não vale à pena. Pessoas ouvem falar o tempo inteiro de amigos ou vizinhos que perderam milhares de reais investindo na bolsa de valores. Ou então ouve-se falar que investir em bolsa de valores é muito arriscado, e que se precisa de muito dinheiro ou muita informação, muito estudo. Nada disso é totalmente verdade. Existem muitos mitos sobre a bolsa de valores e a renda variável no Brasil. Talvez por isso seja tão pequeno o percentual de investidores nacionais, pessoas-físicas, frente à grande maioria esmagadora de investidores estrangeiros e institucionais (grandes instituições financeiras). Estes, por conhecerem mais desse mercado, muitas vezes preferem investir em outros lugares do mundo, e nesse momento, nossa economia sofre, nossa bolsa sofre.
A bolsa de valores é um lugar em que as empresas buscam recursos para crescerem, e buscam recursos mais baratos do que em instituições financeiras como bancos, que cobram juros altos. Com esses recursos em seu poder, elas investem em seus processos operacionais, contratam mais funcionários, pagam mais impostos, compram mais insumos de fornecedores, que também pagam impostos, contratam mais funcionários e como as primeiras, obtêm resultados maiores, podendo melhor remunerar seus sócios, mesmo que sejam pequenos como nós, pagando parte de seus lucros, que usamos para realizar nossos sonhos, comprando bens. Ou seja, a bolsa de valores faz com que a economia se movimente, dá liquidez ao mercado.
Em quantidade de empresas listadas, a BM&FBOVESPA é pequena em relação a outros países, com apenas 470 empresas, a Espanha tem cerca de 3.700 empresas. Porém as empresas listadas na nossa bolsa são gigantescas, como por exemplo a Petrobrás, Gerdau e Vale. O ano de 2011 será recorde de abertura de capital de novas empresas (IPO´s), isso já pode-se perceber no lançamento no mercado de ações de empresas como Arezzo e Magazine Luiza. A bolsa está mais próxima do nosso cotidiano do que percebemos. Utilizamos todos os dias produtos e serviços de empresas listadas na bolsa, como é o caso de Lojas Americanas, Lojas Renner, Submarino.com, Pão de Açúcar, Cosern, MRV Engenharia, Hypermarcas, Fibria, etc. Nem percebemos que estamos indireta e diretamente financiando empresas e a economia via bolsa de valores.
Para se aumentar o contingente de investidores no Brasil, a BM&FBOVESPA lança diversas campanhas e projetos de educação financeira no país, uma delas, talvez a mais famosa é a campanha “Quer ser sócio?”, em que o garoto propaganda do Brasil no exterior é ninguém mais ninguém menos do que o Pelé. Nessa campanha o Pelé é tido como referência em obtenção de resultados positivos ao longo da carreira, o que pode ser um ponto positivo para se ganhar a atenção de investidores das classes B e C, e mostrar que a bolsa de valores é acessível a qualquer pessoa, mesmo que com pouco recurso financeiro, e que se pode ter ganhos também de uma forma inteligente e conservadora.
A BM&FBOVESPA é a terceira maior bolsa de valores do mundo, e é a que mais tem conseguido angariar investidores ao longo dos últimos 6 anos. Isso se dá em grande parte pela capacidade de a bolsa conseguir atrair investidores cada vez mais jovens e sedentos por novos ganhos, novas informações. Ainda há um longo caminho a se percorrer até a participação de mais pessoas nesse mercado, passando-se por muita informação a ser obtida por parte dos investidores em potencial, pequenos e grandes. A intenção é sempre diversificar a forma com que a bolsa se concebe, e não mais centralizar muito recurso em poder de poucos investidores, e que por sinal, são estrangeiros. A proposta é pulverizar o mercado com pequenos investidores, que podem segurar ainda mais a economia brasileira, que está tão bem vista no mercado exterior.
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