Ipea constata tendência de desaceleração da economia brasileiraSegundo o instituto, as medidas macroprudenciais adotadas pelo governo impulsionam este cenário. |
notícias relacionadas
- Caixa anuncia redução de juros para financiamento de veículos
- Medidas de estímulo ao crédito não aumentarão inadimplência nem inflação, tranquiliza ministro
- Dívida do setor público cai ao menor nível em setembro, mas deve voltar a subir em outubro
- Copom indica que manterá ritmo de redução da taxa básica de juros
- Europa está próxima de apresentar medidas efetivas para resolver crise
- Investimentos vão crescer menos em 2011, segundo economistas da CNI
- FMI reduz de 4,1% para 3,8% projeção de crescimento da economia brasileira
- Novas mudanças no IOF são apenas operacionais, diz Mantega
- Estimativa de criação de 3 milhões de empregos formais deve ser revisada
- Varejo vai manter economia aquecida durante a crise internacional
- Aumento para Judiciário representará impacto de R$ 7,7 bilhões no caixa da União
- Sindipostos divulga nota oficial de esclarecimento
- Mantega quer ação conjunta para evitar que crise contagie países sul-americanos
- Dilma descarta adoção de medidas recessivas para conter avanço da crise
- Desoneração da folha de pagamento deve valer em 60 dias, diz Pimentel
- Indústria do software espera que desoneração da folha fortaleça o setor
- Fluxo cambial de julho registra saldo positivo até o último dia 22
- Com estoques elevados, indústria sente impacto do desaquecimento econômico
- Cresce número de empregos no comércio varejista da região metropolitana de SP
Indicadores como a desaceleração da indústria e a queda do consumo das famílias confirmam a trajetória de desaquecimento da economia almejada pelo governo e a tendência de manutenção da inflação entre 5% e 6% no final do ano. A conclusão está na Carta de Conjuntura, apresentada hoje (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O documento destaca que, mesmo a expansão, “ainda que significativa”, do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, que chegou a 6,2%, é menor do que a taxa registrada no mesmo período do ano passado (7,5%).
Segundo o Ipea, as medidas macroprudenciais adotadas pela equipe econômica são as grandes impulsionadoras deste cenário. Todos os indicadores recentes são positivos porque estão proporcionando a desaceleração da atividade econômica, disse Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Ipea. "Uma desaceleração que é bem-vinda, porque indica uma acomodação de variáveis ao longo do tempo, e que torna a taxa de crescimento da economia sustentável no todo, com menor probabilidade de rupturas”, avaliou.
No caso da indústria, o documento do Ipea mostra que a valorização do câmbio e as piores condições de financiamento, como reflexos dos ajustes da taxa de juros, são as causas de um desempenho mais modesto. “O Banco Central ampliou seu leque de medidas de maneira muito corajosa, e [isso] funcionou de fato, apesar do ceticismo do mercado”, disse Messenberg.
Pelo lado da demanda, porém, o reflexo das medidas de desaquecimento ainda é suave, destacou o economista O consumo das famílias registrou crescimento de 6,4% na taxa acumulada em quatro trimestres. A taxa de 2010 ficou em 7%. E o comércio, mesmo diante das medidas de restrição ao crédito, continuou com ritmo acelerado nos últimos meses.
Segundo a carta do Ipea, a principal explicação para essa resistência do consumo em níveis ainda altos está no mercado de trabalho. A taxa de desocupação no primeiro semestre do ano ficou em 6,3%. No ano passado, a taxa passou de 7%. O ambiente favorável no setor reflete-se tanto no contingente de ocupados quanto na expansão dos rendimentos. E os ganhos reais acima da produtividade do país pressionam os preços ao consumidor.
Mas, para Roberto Messenberg, o mercado de trabalho tende a se acomodar, e a combinação dos fatores que compõem a massa salarial real deve seguir neste rumo. “A massa salarial está crescendo, mas a taxas decrescentes. Está de acordo com a idéia geral de que a economia começa uma trajetória suave, que é mais favorável à sustentabilidade do próprio crescimento a taxas mais elevadas ao longo do tempo”, disse ele.
As políticas de recuperação salarial e a menor produtividade da indústria vem pressionando os preços domésticos, principalmente do setor de serviços. Apesar do novo vilão inflacionário ainda apresentar crescimento, os economistas do Ipea acreditam que a tendência é o preço dos serviços seguir o mesmo caminho trilhado pelos setores de alimentos e de combustíveis, que foram apontados como a origem da aceleração da inflação registrada no segundo semestre do ano passado. Tais setores agora registram queda e são considerados a origem do processo inverso, de deflação.
“De fato, houve um certo susto com a inflação desses itens, que vieram salgados no começo do ano, mas agora estão contribuindo de maneira positiva", ressaltou o economista. Ele lembrou que o Banco Central sempre apontou a possibilidade de refluxo, de desaceleração, o que ocorre agora de maneira forte.
Fonte: Agência Brasil