Milhares de carros circulam sem inspeção do GNV no RNDe acordo com dados oficiais, a frota que utiliza o Gás Natural Veicular (GNV) como um dos combustíveis no RN é de quase 55 mil veículos. |
Oficialmente, 11,6 mil veículos circulam no Rio Grande do Norte com o Certificado de Segurança Veicular (CSV) vencido, trafegando de forma irregular pelas ruas e rodovias potiguares. O número, no entanto, pode ser ainda maior. Muitos motoristas, para evitar os custos com a inspeção anual, e de regularização documental da alteração de característica do veículo e das taxas junto ao Detran, optam por rodar sem regularizar a conversão. Há ainda situações mais graves: carros convertidos em oficinas não homologadas, sem qualquer inspeção por organismos credenciados ao Inmetro, o que compromete seriamente a segurança do sistema.
De acordo com dados oficiais, a frota que utiliza o Gás Natural Veicular (GNV) como um dos combustíveis no RN é de quase 55 mil veículos. Isso significa que milhares estão circulando sem o devido atestado de segurança.
Risco de acidentes
Segundo o engenheiro Domingos Júnior, especialista em inspeções de GNV, essa irregularidade pode resultar em acidentes graves. "Um exemplo é o cilindro de gás. Ele precisa ser requalificado a cada cinco anos. Sem inspeção, o dono pode não perceber que o prazo venceu - e isso pode levar à explosão do cilindro", explicou.
Ele destaca ainda que veículos que instalam o kit GNV e não regularizam a conversão no documento deixam de passar pela inspeção inicial de ruídos e de emissão de gases, prevista pelo Inmetro e pelo Senatran. "Isso representa não só um risco de falhas mecânicas, mas também um problema ambiental de falta de controle sobre poluição e ruídos no trânsito", completou.
A importância do Certificado de Segurança Veicular (CSV)
O CSV é o documento que comprova que a instalação do kit GNV passou pela inspeção de segurança exigida pelos órgãos reguladores, atestando que o sistema está em condições adequadas de uso. Sem ele, o veículo não oferece garantias de segurança, nem para os ocupantes nem para quem compartilha o trânsito.
Domingos Júnior lembra que o problema é ainda mais frequente entre carros de aplicativo, que muitas vezes circulam sem regularização para reduzir custos. "Para tentar diminuir esse quadro, os organismos de inspeção oferecem preços diferenciados para veículos de aplicativo, como forma de estimular a legalização", disse.
Falta de fiscalização
No entanto, o que agrava a situação é a ausência de fiscalização consistente nas blitzes. "O pior é que muitos carros convertidos para GNV continuam constando no Detran como se fossem veículos a gasolina, e por isso não sofrem nenhum tipo de fiscalização. Sem registro oficial, o documento não é retido por falta de inspeção, e esses carros rodam indefinidamente sem regularização e sem vistoria por falta de fiscalização policial e também nos postos de gasolina, que não exigem o CSV para o abastecimento, momento em que ocorrem graves acidentes com explosão de cilindros", alerta o engenheiro.
A falta de cobrança nas ruas, aliada ao bloqueio ineficiente de documentos, fragiliza a política de segurança viária e aumenta a exposição da população a riscos. "Em cidades como São Paulo, já existem blitzes específicas para medição de poluição e ruídos. Aqui, sem essa fiscalização, a frota irregular cresce e compromete a segurança de motoristas, passageiros e pedestres", concluiu o engenheiro.

