O jornal Estado de São Paulo publicou uma reportagem no último sábado (11), fazendo um alerta importante sobre o poder de compra da classe média brasileira. Num cenário onde a inflação oficial do país ultrapassa 8% do acumulado em 12 meses, e a taxa de desemprego já está em 7,4%, não é difícil esperar que esta parcela da sociedade coloque o pé no freio e elimine gastos não planejados.
Segundo a Pnad Contínua, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, que detalha o mercado de trabalho em 3,5 mil municípios, há um milhão a mais de desempregados no Brasil. Quando se coloca na balança a alta da inflação mais o déficit no número de postos de trabalho, as principais conquistas da classe média ficam em risco. O poder de compra das pessoas está diminuindo bruscamente.
Os gastos com manutenção da casa consomem a maior parcela do rendimento mensal dos brasileiros. Segundo a economista Luciana Aguiar, ouvida pela reportagem, contas de casa, com aluguel e supermercado, consomem cerca de 40% do orçamento, sem incluir luz e água, que também aumentaram. Aí o jeito é modificar os hábitos de consumo que a classe C adquiriu no período de ascensão. Ainda segundo ela, com o desemprego as pessoas param de fazer planos e voltam a administrar a sobrevivência no dia a dia, esquecendo o futuro.