O dia de hoje, marcado pela posse do empresário Amaro Sales como presidente da Federação das Indústrias do estado (Fiern),é histórico para a entidade. Primeiro pelo presidente que deixa o cargo. Flávio Azevedo certamente entrega ao seu ex-primeiro vice-presidente um instituição muito mais forte do que encontrou. Em 2003, quando disputou e venceu sua primeira eleição, Azevedo encarou uma batalha tremenda contra um grupo na época liderado pelo então presidente Bira Rocha. Eram dois gigantes se digladiando. Grandes nomes dos dois lados. Amizades de anos foram rompidas, limites foram perdidos e o bom senso, muitas vezes, deixado de lado. Fui um expectador privilegiado do embate. Como editor de Economia do Diário de Natal e pela ótima relação que sempre tive dos dois lados, consegui dar furos e acompanhar detalhes - alguns que nunca chegaram a ser divulgados - de uma disputa que beirou a insanidade.
Flávio e seu grupo saíram vencedores. Mas o que lhes foi entregue foi uma Fiern dividida, rachada quase ao meio e com vários arranhões em uma imagem até então altiva e irretocável de entidade empresarial forte, sólida e influente. No seu primeiro mandato, Flávio Azevedo, com seu estilo quase de tolerância zero, mas com toda a experiência e envergadura pessoal, conseguiu começar a arrumar a casa. Veio 2007 e uma nova disputa. Bira Rocha, o outro titã da primeira disputa, se recolheu - e vive assim até hoje, cuidado dos seus negócios no campo, matreiro, astuto e muito competente. Sobraram na trincheira contra Flávio Azevedo, Silviio Bezerra, como candidato de oposição, Fernando Fernandes (ex-primeiro vice da gestão Bira Rocha) e Alexandre Firmino (ex-diretor executivo da casa). Com eles, alguns outros nomes de peso como o saudoso Marcelo Mário Porto e Fernando Bezerra.
Dessa vez, mais estratégico e menos passional, Flávio Azevedo conseguiu, antes da votação propriamente dita, construir um entendimento que levou Silvio Bezerra a retirar sua candidatura (hoje, Bezerra é, justa e merecidamente, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, indicado pela Fiern). Começava ali a fase de acabamento (para usar um termo da construção civil, setor ao qual pertencem Flávio e Silvio) da reconstrução da imagem, da força e da respeitabilidade da Fiern. Não que a entidade os tenha perdido, mas estas características precisavma de retoques.
E Flávio consegui! Tanto que hoje, praticamente não tem oposição dentro da Casa. Seu successor, assume com a unanimidade dos votos, como tem que ser uma sucessão empresarial madura, democrática (sim, claro) e que tem como foco o bem comum do segmento que ela representa e, principalmente o suporte ao desenvolvimento econômico do estado.
Flávio Azevedo merece este reconhecimento. Consegui agregar, reunir, remontar. Conseguiu dar novamente à Fiern o peso que ela sempre teve no cenário econômico do estado. Daqui vão meus humildes parabéns.
Agora assume Amaro Sales. Trata-se, meus caros, do primeiro presidente que a Fiern terá que não tem - e nem faz questão de ter - o status de um medalhão do empresariado. Talhado no balcão de suas padarias, com ótimo trânsito entre os micro e pequenos industriais do estado (até porque, fala a lingual deles), Amaro Sales tem tudo para dar à Fiern uma nova cara. Muito mais voltada para os pequenos industriais, que são a maioria esmagadora da nossa economia.
Registre-se que isso não fará com que a Fiern se diminua. Muito pelo contrário. Fazer do Sistema Fiern uma extensão das pequenas indústrias deste estado, ajudando-as e estimulado-as a crescer é o grande desafio de Amaro e, sem dúvida, fará da Fiern uma instituição gigante. Gigante porque só assim ela terá, definitivamente, consigo a imensa maioria dos verdadeiros geradores de empregos e renda deste estado. Bem vindo Amaro. Boa sorte no seu imenso desafio. E parabéns à Fiern, que, se tem um grande empresário deixando seu comando, recebe um empresário que sabe ser grande falando a lingua, dos pequenos e que tem tudo para levá-los a serem grandes também. Como eles merecem.