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24/11/2011 20h31 - Atualizado em 24/11/2011 20h53

Ex-governadores receberiam R$ 60 milhões ao longo de vinte anos

Em entrevistas coletiva, promotores explicaram detalhes da Operação Sinal Fechado

Por: Marcelo Lima

 

De acordo com o Ministério Público Estadual, os ex-governadores Wilma de Faria (PSB) e Iberê Ferreira de Souza (PSB) teriam uma cota de participação no dinheiro fraudado com o processo de inspeção veicular no Estado. Essa informação e outros detalhes da operação Sinal Fechado foram passadas pelo Ministério Público Estadual na tarde desta quinta-feira (24) em entrevista coletiva concedida à imprensa.

“Nós tivemos informações de José Gilmar [sócio do Consórcio Inspar e proprietário da Construtora Montana preso hoje], que a cota de Olímpio seria de 40%. Desses 40%, ele tiraria 15% para a Wilma de Faria, 15% para Iberê e, segundo depoimentos obtidos hoje, 10% para João Faustino”, disse o Promotor Eudo Leite, coordenador das promotorias de Defesa do Patrimônio Público.

Essas cotas seriam o valor pago a esses beneficiários ao longo do período em que o Consórcio Inspar prestaria o serviço de inspeção veicular no Rio Grande do Norte, que duraria 20 anos. Ainda segundo o Ministério Público, o total de dinheiro fraudado poderia chegar a R$ 1 bilhão.

Conforme o promotor, a prisão dos ex-governadores não foi solicitada pelo Ministério Público porque as acusações contra os dois se dão apenas em depoimentos. “De alguns deles nós tínhamos provas e de outros são pessoas dizendo que eles cometeram o crime, este é o caso dos ex-governadores”, explicou.

De acordo com o procurador-geral de Justiça do Estado, Manoel Onofre Neto, as investigações da operação Sinal Fechado contaram com a quebra de sigilo bancário, telemático e escutas telefônicas autorizadas pela justiça do Rio Grande do Norte.

R$ 60 milhões para os ex-governadores

A partir dos dados fornecidos pelo Ministério Público, o portal MERCADO ABERTO calculou o valor absoluto em dinheiro que os principais envolvidos no esquema ganhariam com a fraude. Os 40% (de R$ 1 bilhão) de George Olímpio representam R$ 400 milhões. Mas como ele dividiria o seu lucro indevido com os principais agentes políticos da quadrilha, ele terminaria com R$ 340 milhões.

De George Olímpio, os ex-chefes do Executivo estadual, Wilma de Faria (PSB) e Iberê Ferreira de Souza (PSB), receberiam cada um R$ 60 milhões. Pelo seu trabalho de lobista, o suplente de senador João Faustino (PSDB) receberia R$ 40 milhões de Olímpio. Vale lembrar que esse é o valor estimado, caso o esquema de corrupção durasse os vinte anos. Segundo o MP, o político santacruzense já teria recebido R$ 1 milhão em 2010.

Lobista de São Paulo impediu livre concorrência no RN    

Segundo o promotor Eudo Leite, a ligação entre as ações do Ministério Público de São Paulo e o MP potiguar é o lobista paulista Alcides Fernandes Barbosa. 

O Ministério Público de São Paulo pediu na tarde de hoje o afastamento do prefeito Gilberto Kassab (PSD) do seu cargo e a anulação do contrato com a empresa que realiza a inspeção veicular na cidade, a Controlar.

“Há informações que o presidente da Controlar havia negociado com Alcides para que sua empresa não competisse com a Inspar no Rio Grande do Norte”, declarou Eudo Leite. Segundo o promotor, há interceptações telefônicas de Alcides em que ele afirma negociar com o prefeito Gilberto Kassab para que a Controlar não concorresse à licitação da inspeção veicular no RN.

Balanço do dia com Sinal Fechado

A justiça expediu 14 mandados prisão, quatro deles foram expedidos nos outros Estados que também participaram da operação: Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Dos 14, apenas duas prisões não foram efetuadas.

O MP/RN e a polícia militar também apreenderam objetos para coleta de provas, como celulares, notebooks, cofres, documentos de todo tipo e até uma arma. 

Os crimes cometidos pela quadrilha da inspeção veicular são os seguintes: corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude de licitação, formação de quadrilha e tráfico de influência. 

O Ministério Público tem 10 dias para fazer denúncia na justiça de todos os acusados. Caso ultrapasse esse prazo, as prisões preventivas serão revogadas. 

 


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