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08/07/2011 16h04 - Atualizado em 08/07/2011 17h37

Parceria com japoneses estabelece novos objetivos para pesca oceânica nacional

Nesta sexta-feira foi anunciada a pesca de 1.502 toneladas, trazidas por dez barcos desde o início da parceria.

Por: Felipe Gibson

Com a meta de levar a pesca oceânica nacional a um novo patamar, a parceria firmada entre a empresa pesqueira potiguar Atlântico Tuna e a oriental Japan Tuna deu uma mostra de que essa realidade está bem mais próxima do que se imagina. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (8) no Porto de Natal, foi anunciada a captura de um total de 1.502 toneladas de peixe, fruto da operação de dez embarcações japonesas.

Na presença do ministro da Pesca, Luiz Sérgio Nóbrega, e da governadora Rosalba Ciarlini, foi assinado ainda o contrato para a construção de um centro tecnológico no município de Santa Cruz. A estrutura funcionará para capacitar pescadores a operarem as embarcações japonesas, capazes de pescar a grandes distâncias e profundidades, além de possuírem tecnologia para manter o peixe a uma temperatura de 60 graus negativos.

Das dez embarcações japonesas em operação, sete desembarcaram em Natal durante essa semana, trazendo 959 toneladas de peixe. Antes disso, outros três barcos já haviam pescado 543 toneladas. Do total capturado no alto mar, 1.099 toneladas são de atum das espécies albacora-branca, albacora-laje e albacora-bandolim, os focos da parceria entre potiguares e japoneses.

Para o ministro, os empresários dão um passo ousado para desenvolver a atividade em nível nacional. "O futuro da pesca oceânica é promissor, e o Nordeste está dando exemplo, tanto pelo que estamos pescando quanto pelo que estamos criando", disse Luiz Sérgio, se referindo ainda ao potencial nordestino na aquicultura, principalmente nas criações direcionadas ao camarão.

A maioria do produto será exportada para atender o mercado de sushi e sashimi no Japão, o que é visto pelo ministro como essencial para diminuir o déficit brasileiro na balança comercial quando o produto é o pescado. A expectativa é a mesma em nível estadual. "Vamos colocar o atum entre os produtos mais exportados do estado", afirma a governadora Rosalba Ciarlini. A líder do poder estadual conta que a quantida de peixe capturado deve dobrar de quatro mil para oito mil toneladas.

Quanto ao centro tecnológico de Santa Cruz, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Amaro Sales, estima a capacitação de 250 profissionais até setembro. Os instrutores do projeto serão japoneses enviados pela Japan Tuna. O objetivo é criar um ambiente similar com o que será encontrado na prática, em que os barcos chegam a ficar três meses no mar.

Mudança de patamar

O diretor presidente da Atlântico Tuna, Gabriel Calzavara, destacou três fatores como as chaves para a viabilidade do projeto e o desenvolvimento da pesca empresarial no país: identificação de recursos, acesso à tecnologia e capacitação de mão de obra. Aliado a isso, a vontade política foi colocada como decisiva para dar sustentabilidade à atividade em nível nacional.

Em primeiro lugar, Calzavara atenta para a identificação dos recursos disponíveis e que podem ser capturados de maneira sustentável. De acordo com a Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT), 284.900 toneladas podem ser pescadas. Em 2009, a quantidade de atum capturado em todo o mundo foi de 232.391 toneladas, das quais o Brasil pescou apenas 1,6%, ou 4.704 toneladas.

O passo seguinte seria conseguir a tecnologia ideal para a captura, que veio por meio do arrendamento das embarcações japonesas. Em terceiro, o diretor presidente da Atlântico Tuna coloca a mão de obra. Até agora 62 brasileiros foram capacitados a trabalhar nos barcos orientais. Com o centro tecnológico de Santa Cruz a expectativa é que 250 aprendizes estejam formados até setembro.

Gabriel Calzavara conta que os barcos ficaram entre um e três meses no mar, pescando a distâncias que chegavam à fronteira do Uruguai e Venezuela. "Estamos estendendo a fronteira do Brasil para todo o Altântico", disse o empresário, que situou o nível de informação no setor como um das barreiras difíceis que têm de ser enfrentadas. "O referencial que temos de pesca no país é uma jangada", afirma.

Para o diretor presidente da Atlântico Tuna, é importante ter novas projeções devido ao potencial brasileiro propiciado por sua posição estratégica. "Precisamos ser protagonistas do Atlântico e não meros observadores".


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