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15/04/2015 10h59 - Atualizado em 15/04/2015 11h27

Com menos dias úteis, fevereiro registra maior queda nas vendas do varejo potiguar desde março de 2011

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O já pouco favorável cenário econômico – sobre o qual a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado vem alertando há algum tempo – foi amplificado em fevereiro pela redução dos dias úteis em virtude do Carnaval. O resultado foi o pior desempenho para o Comércio Varejista Ampliado potiguar desde março de 2011, segundo o IBGE. A retração registrada foi de 5,5%, uma queda abissal quando comparada com o incremento de 10,2% registrado em fevereiro de 2014.

O número puxou também para baixo o desempenho do acumulado no primeiro bimestre, que ficou em (-1,7%), outra disparidade considerável quando comparado com os 8,4% positivos registrados nos dois primeiros meses do ano passado. 

“Com o Carnaval em fevereiro, diferente do que aconteceu no ano passado, tivemos menos dias úteis (foram 18, no total) e isso também traz reflexos para as vendas. Durante a folia, apenas alguns segmentos específicos – como é o caso dos supermercados – faturam mais. Some-se a esta menor quantidade de dias úteis todo o contexto econômico que nós vivemos e sobre o qual já vimos falando bastante – juros em alta, inflação recrudescendo, crédito mais caro e menos investimentos públicos – e é fácil explicar este número tão ruim”, diz o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN, Marcelo Fernandes de Queiroz.

O presidente da Fecomércio faz questão de destacar que o resultado poderia ter sido pior. “Precisamos lembrar que a retomada do Carnaval em Natal encheu os hotéis da capital e fez com que os turistas – que normalmente vinham em busca de sossego – gastassem um pouco mais. A pesquisa que o nosso IPDC fez, indicou a injeção de R$ 54 milhões na economia de Natal no período de folia este ano. É claro que parte desses gastos já aconteceriam dentro do estado (feitos pelo natalense que iria para uma praia ou outro destino dentro do próprio estado e o turista que viria para ‘fugir’ do agito). Mas, não tenho dúvidas de que  o incremento da vinda de turistas e a maior empolgação deles, que redunda em maiores gastos, serviu para aplacar um pouco este número negativo de fevereiro”.

O presidente Marcelo Queiroz alerta, ainda, para os desdobramentos desta retração tão aguda nas vendas do varejo. “Nosso setor é o maior empregador formal (47,4%), o maior recolhedor de ICMS (60%) e responde por 46% do nosso PIB. Claro que qualquer revés nosso impacta em toda a economia. Em 2014, houve queda de 23,92% na geração de novas vagas de empregos especificamente no setor de Comércio. Já este ano, no primeiro bimestre, seguimos com números negativos. O Estado do RN terminou fevereiro com um saldo negativo de 5.122 vagas formais. Se compararmos com o saldo positivo de 1.858 emplacado nos dois primeiros meses de 2014, veremos que foram perdidos quase sete mil vagas formais. Na ordem de importância, os segmentos que mais ceifaram vagas foram a Indústria (-2.666), a Agropecuária (-2.018) e justamente o Comércio, com -1.295 vagas no período”.

Segmentos

Móveis e eletrodomésticos, com variação de -10,4% no volume de vendas em relação a fevereiro do ano passado, registrou o maior impacto negativo na formação da taxa do varejo. No acumulado do ano e dos últimos 12 meses, as taxas de crescimento foram: -6,5% e -1,6%, respectivamente. Tal comportamento pode ser atribuído à retirada gradual dos incentivos (redução do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI) direcionados à linha branca, somado ao menor ritmo de crescimento do crédito.

Combustíveis e lubrificantes registrou variação de -10,2% no volume de vendas, em relação a fevereiro de 2014, respondendo pela segunda maior contribuição negativa à taxa global do varejo. A taxa de crescimento acumulada no bimestre, -5,2% e a dos últimos 12 meses, 0,2%, reflete o comportamento do aumento dos preços de combustíveis acima da média, com 10,2% de variação em 12 meses, contra os 7,7% do índice geral, segundo o IPCA.

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com variação de -1,8% no volume de vendas em fevereiro sobre igual mês do ano anterior, foi a terceira contribuição negativa na formação da taxa de desempenho do Comércio Varejista. O crescimento acima da média dos preços de alimentação no domicílio (8,6% de variação no acumulado de 12 meses contra 7,7% do índice geral, segundo o IPCA), somado ao menor poder de compra da população, influenciou este desempenho.

Tecidos, vestuário e calçados, responsável pela quarta maior participação negativa na composição do índice geral do varejo, apresentou taxa de variação de -7,3% com relação a igual mês do ano anterior, de -3,8% no acumulado no ano e de -2,2% para os últimos 12 meses. Mesmo com os preços de vestuário se posicionando abaixo do índice geral de inflação (variações respectivamente de 2,9% e 7,7% no acumulado dos últimos 12 meses, até fevereiro, segundo o IPCA), esta atividade vem apresentando desempenho negativo e inferior à média geral do comércio varejista.

Livros, jornais, revistas e papelaria representou a quinta contribuição negativa ao resultado total do varejo, registrando variação no volume de vendas de -5,3% sobre fevereiro de 2014, e taxa acumulada de -7,9% no bimestre e de -9,1% nos últimos 12 meses. A trajetória declinante desta atividade vem sendo influenciada, no que tange a jornais e revistas, por certa substituição dos produtos impressos pelos de meio eletrônico.

Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba lojas de departamentos, joalheria, artigos esportivos e brinquedos, foi responsável pela maior influência positiva na formação da taxa do varejo, com variação de 3,0% no volume de vendas em relação a fevereiro de 2014. Para os dois primeiros meses do ano, a variação acumulada foi de 3,8%, e para os últimos 12 meses, de 6,5%. Este resultado positivo, em um cenário de queda de ritmo do crescimento de crédito e de massa de salários, é influenciado pelo baixo valor unitário da maioria dos produtos comercializados nesta atividade e que apresentam um grande volume de vendas.

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com a segunda participação positiva na taxa global do varejo, apresentou crescimento de 3,2% na relação fevereiro 2015/fevereiro 2014, e taxas acumuladas no ano e nos últimos 12 meses de 4,1% e 7,5%, respectivamente. O desempenho setorial favorável desta atividade pode ser atribuído, especialmente, ao caráter de uso essencial de seus produtos e à variação de preços de medicamentos abaixo do Índice Geral.

Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação neste mês, com aumento de 8,4% no volume de vendas em comparação a fevereiro de 2014, registrou a terceira maior participação positiva na formação da taxa global do varejo. Os resultados em termos acumulados, variação de 14,5% no ano e de 0,3% nos últimos 12 meses, pode ser explicado pelo comportamento dos preços do principal produto que compõe a atividade.

 

Fonte: Fecomércio RN


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